Como já dizia minha querida mãe, “só damos valor depois que perdemos”. Parece que quando temos a consciência de possuirmos o controle sobre alguém, sustentado por sentimentos que de certa maneira nos cegam, caímos em uma delicada situação, na alienação do eu. Dessa forma, a direção a seguir -pelo alienado- é meramente uma questão de piedade do sujeito condutor, ou seria consideração? As situações me apresentaram um roteiro no qual posso afirmar que consideração está em processo de extinção. Não digo da necessidade de se colocar no lugar do outro, esse dom sempre foi pra poucos e ainda o é. Digo da consideração de minimizar o sofrimento alheio, sofrimentos desnecessários que por uma simples providência poderia ser evitado. Certo dia, dois amigos se encontraram e conversaram sobre essa tal consideração:
_Me promete uma coisa?
_O que você quer?
_Quero poder deixar de sofrer por você, você está me fazendo mal.
_Você quer afastar de mim?
_Não, só queria um pouco de consideração. Um pouco de piedade pelo que sinto por você. Aliás, o que sinto por você vem mudando acentuadamente.
_Tem mudado como?
_Você me marcou muito, só que as marcas hoje se configuram em cicatrizes, que vez enquanto ainda queimam, não como queimavam, mas ainda queimam, só que a mudança principal foi que descobri que sou mais do que você merece.
_Ãhm?
_Isso mesmo, sou muito bom pra você, e sabe... hoje foi um bom dia.
_Por quê?
_Porque acabei um livro que dizia: “Acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.'' E a partir de hoje eu dou a minha própria direção, mas te levo sempre comigo, porém com outro olhar. Até um dia.
Diogo Roberto